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A prosperidade dos ímpios faz duvidar da justiça de Deus, mas o fim deles a demonstra

Salmo de Asafe

73 Verdadeiramente, bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração. Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios.

Porque não apertos na sua morte, mas firme está a sua força. Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afligidos como outros homens. Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de um adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; superabundam as imaginações do seu coração. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Erguem a sua boca contra os céus, e a sua língua percorre a terra. 10 Pelo que o seu povo volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem. 11 E dizem: Como o sabe Deus? Ou: Há conhecimento no Altíssimo?

12 Eis que estes são ímpios; e, todavia, estão sempre em segurança, e se lhes aumentam as riquezas.

13 Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração e lavado as minhas mãos na inocência. 14 Pois todo o dia tenho sido afligido e castigado cada manhã. 15 Se eu dissesse: Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos. 16 Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado; 17 até que entrei no santuário de Deus; então, entendi eu o fim deles.

18 Certamente, tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição. 19 Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores. 20 Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles. 21 Assim, o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins. 22 Assim, me embruteci e nada sabia; era como animal perante ti.

23 Todavia, estou de contínuo contigo; tu me seguraste pela mão direita. 24 Guiar-me-ás com o teu conselho e, depois, me receberás em glória. 25 A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. 26 A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre.

27 Pois eis que os que se alongam de ti perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti. 28 Mas, para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.

A assolação do santuário. Oração para que Deus se lembre do seu povo aflito

Masquil de Asafe

74 Ó Deus, por que nos rejeitaste para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto? Lembra-te da tua congregação, que compraste desde a antiguidade; da tua herança que remiste, deste monte Sião, em que habitaste. Levanta-te contra as perpétuas assolações, contra tudo o que o inimigo tem feito de mal no santuário.

Os teus inimigos bramam no meio dos lugares santos; põem neles as suas insígnias por sinais. Parecem-se com o homem que avança com o seu machado através da espessura do arvoredo. Eis que toda a obra entalhada quebram com machados e martelos. Lançaram fogo ao teu santuário; profanaram, derribando-a até ao chão, a morada do teu nome. Disseram no seu coração: Despojemo-los de uma vez. Queimaram todos os lugares santos de Deus na terra.

Já não vemos os nossos sinais, já não profeta; nem entre nós alguém que saiba até quando isto durará. 10 Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu nome para sempre? 11 Por que retiras a tua mão, sim, a tua destra? Tira-a do teu seio e consome-os.

12 Todavia, Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no meio da terra. 13 Tu dividiste o mar pela tua força; quebrantaste a cabeça dos monstros das águas. 14 Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto. 15 Fendeste a fonte e o ribeiro; secaste os rios impetuosos. 16 Teu é o dia e tua é a noite; preparaste a luz e o sol. 17 Estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno, tu os formaste.

18 Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao Senhor, e que um povo louco blasfemou o teu nome. 19 Não entregues às feras a alma da tua pombinha; não te esqueças para sempre da vida dos teus aflitos. 20 Atenta para o teu concerto, pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade. 21 Oh! Não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado.

22 Levanta-te, ó Deus, pleiteia a tua própria causa; lembra-te da afronta que o louco te faz cada dia. 23 Não te esqueças dos gritos dos teus inimigos; o tumulto daqueles que se levantam contra ti aumenta continuamente.

O profeta louva a Deus e promete fazer observar a justiça

Para o cantor-mor, sobre Al-Tachete. Salmo e cântico de Asafe

75 A ti, ó Deus, glorificamos, a ti damos louvor, pois o teu nome está perto, as tuas maravilhas o declaram.

Quando eu ocupar o lugar determinado, julgarei retamente. Dissolve-se a terra e todos os seus moradores, mas eu fortaleci as suas colunas. (Selá) Disse eu aos loucos: não enlouqueçais; e aos ímpios: não levanteis a fronte; não levanteis a fronte altiva, nem faleis com cerviz dura.

Porque nem do Oriente, nem do Ocidente, nem do deserto vem a exaltação. Mas Deus é o juiz; a um abate e a outro exalta. Porque na mão do Senhor há um cálice cujo vinho ferve, cheio de mistura, e dá a beber dele; certamente todos os ímpios da terra sorverão e beberão as suas fezes.

Mas, quanto a mim, exultarei para sempre; cantarei louvores ao Deus de Jacó. 10 E quebrantarei todas as forças dos ímpios, mas as forças dos justos serão exaltadas.

A majestade e o poder de Deus

Salmo e cântico de Asafe para o cantor-mor, sobre Neguinote

76 Conhecido é Deus em Judá; grande é o seu nome em Israel. E em Salém está o seu tabernáculo, e a sua morada, em Sião. Ali quebrou as flechas do arco; o escudo, e a espada, e a guerra. (Selá)

Tu és mais ilustre e glorioso do que os montes de presa. Os que são ousados de coração foram despojados; dormiram o seu sono, e nenhum dos homens de força achou as próprias mãos. À tua repreensão, ó Deus de Jacó, carros e cavalos são lançados num sono profundo.

Tu, tu és terrível! E quem subsistirá à tua vista, se te irares? Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; a terra tremeu e se aquietou quando Deus se levantou para julgar, para livrar a todos os mansos da terra. (Selá) 10 Porque a cólera do homem redundará em teu louvor, e o restante da cólera, tu o restringirás.

11 Fazei votos e pagai ao Senhor, vosso Deus; tragam presentes, os que estão em redor dele, àquele que é tremendo. 12 Ele ceifará o espírito dos príncipes: é tremendo para com os reis da terra.

O estado íntimo do salmista: ele anima a sua alma pela consideração das grandes obras e da misericórdia de Deus

Salmo de Asafe para o cantor-mor, por Jedutum

77 Clamei a Deus com a minha voz; a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos. No dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

Lembrava-me de Deus e me perturbava; queixava-me, e o meu espírito desfalecia. (Selá) Sustentaste os meus olhos vigilantes; estou tão perturbado, que não posso falar. Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos passados. De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito investigou: Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável? Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se a promessa que veio de geração em geração? Esqueceu-se Deus de ter misericórdia? Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira? (Selá) 10 E eu disse: isto é enfermidade minha; e logo me lembrei dos anos da destra do Altíssimo.

11 Lembrar-me-ei, pois, das obras do Senhor; certamente que me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade. 12 Meditarei também em todas as tuas obras e falarei dos teus feitos. 13 O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Que deus é tão grande como o nosso Deus? 14 Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos. 15 Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá)

16 As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram. 17 Grossas nuvens se desfizeram em água; os céus retumbaram; as tuas flechas correram de uma para outra parte. 18 A voz do teu trovão repercutiu-se nos ares; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu. 19 Pelo mar foi teu caminho, e tuas veredas, pelas grandes águas; e as tuas pegadas não se conheceram. 20 Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.

A salvação que Deus concedeu a Israel. A rebelião contra ele. Deus escolheu Judá e Davi para pastorear Israel

Masquil de Asafe

78 Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei a boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade, os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez.

Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, para que a geração vindoura a soubesse, e os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos; para que pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos e não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus.

Os filhos de Efraim, armados e trazendo arcos, retrocederam no dia da peleja. 10 Não guardaram o concerto de Deus e recusaram andar na sua lei. 11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver, 12 maravilhas que ele fez à vista de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã. 13 Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez com que as águas parassem como num montão. 14 De dia os guiou com uma nuvem, e toda a noite, com um clarão de fogo. 15 Fendeu as penhas no deserto e deu-lhes de beber como de grandes abismos. 16 Fez sair fontes da rocha e fez correr as águas como rios.

17 E ainda prosseguiram em pecar contra ele, provocando ao Altíssimo na solidão. 18 E tentaram a Deus no seu coração, pedindo carne para satisfazerem o seu apetite. 19 E falaram contra Deus e disseram: Poderá Deus, porventura, preparar-nos uma mesa no deserto? 20 Eis que feriu a penha, e águas correram dela; rebentaram ribeiros em abundância; poderá também dar-nos pão ou preparar carne para o seu povo?

21 Pelo que o Senhor os ouviu e se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e furor também subiu contra Israel, 22 porquanto não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação, 23 posto que tivesse mandado às altas nuvens, e tivesse aberto as portas dos céus, 24 e fizesse chover sobre eles o maná para comerem, e lhes tivesse dado do trigo do céu. 25 Cada um comeu o pão dos poderosos; ele lhes mandou comida com abundância. 26 Fez soprar o vento do Oriente nos céus e trouxe o Sul com a sua força. 27 E choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar. 28 E as fez cair no meio do seu arraial, ao redor de suas habitações. 29 Então, comeram e se fartaram bem; pois lhes satisfez o desejo. 30 Não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca, 31 quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais fortes deles, e feriu os escolhidos de Israel.

32 Com tudo isto, ainda pecaram e não deram crédito às suas maravilhas. 33 Pelo que consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos, na angústia. 34 Pondo-os ele à morte, então, o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. 35 E lembravam-se de que Deus era a sua rocha, e o Deus Altíssimo, o seu Redentor. 36 Todavia, lisonjeavam-no com a boca e com a língua lhe mentiam. 37 Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis ao seu concerto. 38 Mas ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade e não os destruiu; antes, muitas vezes desviou deles a sua cólera e não deixou despertar toda a sua ira, 39 porque se lembrou de que eram carne, um vento que passa e não volta.

40 Quantas vezes o provocaram no deserto e o ofenderam na solidão! 41 Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e duvidaram do Santo de Israel. 42 Não se lembraram do poder da sua mão, nem do dia em que os livrou do adversário; 43 como operou os seus sinais no Egito e as suas maravilhas no campo de Zoã; 44 e converteu em sangue os seus rios e as suas correntes, para que não pudessem beber. 45 E lhes mandou enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruíram. 46 Deu, também, ao pulgão a sua novidade, e o seu trabalho, aos gafanhotos. 47 Destruiu as suas vinhas com saraiva, e os seus sicômoros, com pedrisco. 48 Também entregou o seu gado à saraiva, e aos coriscos, os seus rebanhos. 49 E atirou para o meio deles, quais mensageiros de males, o ardor da sua ira: furor, indignação e angústia. 50 Abriu caminho à sua ira; não poupou a alma deles à morte, nem a vida deles à pestilência. 51 E feriu todo primogênito no Egito, primícias da sua força nas tendas de Cam, 52 mas fez com que o seu povo saísse como ovelhas e os guiou pelo deserto, como a um rebanho. 53 E os guiou com segurança, e não temeram; mas o mar cobriu os seus inimigos.

54 E conduziu-os até ao limite do seu santuário, até este monte que a sua destra adquiriu, 55 e expulsou as nações de diante deles, e, dividindo suas terras, lhas deu por herança, e fez habitar em suas tendas as tribos de Israel.

56 Contudo, tentaram, e provocaram o Deus Altíssimo, e não guardaram os seus testemunhos. 57 Mas tornaram atrás e portaram-se aleivosamente como seus pais; viraram-se como um arco traiçoeiro, 58 pois lhe provocaram a ira com os seus altos e despertaram-lhe o zelo com as suas imagens de escultura. 59 Deus ouviu isto e se indignou; e sobremodo aborreceu a Israel, 60 pelo que desamparou o tabernáculo em Siló, a tenda que estabelecera como sua morada entre os homens, 61 e deu a sua força ao cativeiro, e a sua glória, à mão do inimigo, 62 e entregou o seu povo à espada, e encolerizou-se contra a sua herança. 63 Aos seus jovens, consumiu-os o fogo, e as suas donzelas não tiveram festa nupcial. 64 Os seus sacerdotes caíram à espada, e suas viúvas não se lamentaram.

65 Então, o Senhor despertou como de um sono, como um valente que o vinho excitasse. 66 E feriu os seus adversários, que fugiram, e os pôs em perpétuo desprezo. 67 Além disto, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim. 68 Antes, elegeu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava. 69 E edificou o seu santuário como aos lugares elevados, como a terra que fundou para sempre. 70 Também elegeu a Davi, seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas. 71 De após as ovelhas pejadas o trouxe, para apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua herança. 72 Assim, os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou com a perícia de suas mãos.

A assolação de Jerusalém. Oração por socorro

Salmo de Asafe

79 Ó Deus, as nações entraram na tua herança; contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a montões de pedras. Deram os cadáveres dos teus servos por comida às aves dos céus e a carne dos teus santos, às alimárias da terra. Derramaram o sangue deles como água ao redor de Jerusalém, e não houve quem os sepultasse. Estamos feitos o opróbrio dos nossos vizinhos, o escárnio e a zombaria dos que estão à roda de nós.

Até quando, Senhor? Indignar-te-ás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo? Derrama o teu furor sobre nações que te não conhecem e sobre os reinos que não invocam o teu nome. Porque devoraram a Jacó e assolaram as suas moradas.

Não te lembres das nossas iniquidades passadas; apressa-te e antecipem-se-nos as tuas misericórdias, pois estamos muito abatidos. Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos e perdoa os nossos pecados, por amor do teu nome. 10 Por que diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Torne-se manifesta entre as nações, à nossa vista, a vingança do sangue derramado dos teus servos.

11 Chegue à tua presença o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço, preserva aqueles que estão sentenciados à morte. 12 E aos nossos vizinhos, deita-lhes no regaço, setuplicadamente, a sua injúria com que te injuriaram, Senhor. 13 Assim, nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores.

O salmista suplica a Deus que livre a sua vinha dos que a destroem

Para o cantor-mor, sobre Sosanim Edute. Salmo de Asafe

80 Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que te assentas entre os querubins, resplandece. Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder e vem salvar-nos. Faze-nos voltar, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

Ó Senhor, Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo? Tu os sustentas com pão de lágrimas e lhes dás a beber lágrimas em abundância. Tu nos pões por objeto de contenção entre os nossos vizinhos; e os nossos inimigos zombam de nós entre si. Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora as nações e a plantaste. Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que ela aprofundasse raízes; e, assim, encheu a terra. 10 Os montes cobriram-se com a sua sombra, e como os cedros de Deus se tornaram os seus ramos. 11 Ela estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos, até ao rio. 12 Por que quebraste, então, os seus valados, de modo que todos os que passam por ela a vindimam? 13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.

14 Oh! Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vinha, 15 e a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti! 16 Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face. 17 Seja a tua mão sobre o varão da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti. 18 Deste modo, não nos iremos de após ti; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome. 19 Faze-nos voltar, Senhor, Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

Deus repreende a Israel pela sua ingratidão e rebelião

Salmo de Asafe para o cantor-mor, sobre Gitite

81 Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza; celebrai o Deus de Jacó. Tomai o saltério e trazei o adufe, a harpa suave e o alaúde. Tocai a trombeta na Festa da Lua Nova, no tempo marcado para a nossa solenidade. Porque isto é um estatuto para Israel, e uma ordenança do Deus de Jacó. Ordenou-o em José por testemunho, quando saíra contra a terra do Egito, onde ouvi uma língua que não entendia. Tirei de seus ombros a carga; as suas mãos ficaram livres dos cestos. Clamaste na angústia, e te livrei; respondi-te do lugar oculto dos trovões; provei-te nas águas de Meribá. (Selá)

Ouve-me, povo meu, e eu te admoestarei. Ah! Israel, se me ouvisses! Não haverá entre ti deus alheio, nem te prostrarás ante um deus estranho. 10 Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito; abre bem a tua boca, e ta encherei.

11 Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel não me quis.

12 Pelo que eu os entreguei aos desejos do seu coração, e andaram segundo os seus próprios conselhos. 13 Ah! Se o meu povo me tivesse ouvido! Se Israel andasse nos meus caminhos! 14 Em breve eu abateria os seus inimigos e voltaria a minha mão contra os seus adversários. 15 Os que aborrecem ao Senhor ter-se-lhe-iam sujeitado, e o tempo dele seria eterno. 16 E eu o sustentaria com o trigo mais fino e o saciaria com o mel saído da rocha.

O salmista repreende os juízes por causa da sua injustiça

Salmo de Asafe

82 Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses. Até quando julgareis injustamente e respeitareis a aparência da pessoa dos ímpios? (Selá) Defendei o pobre e o órfão; fazei justiça ao aflito e necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.

Eles nada sabem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacilam.

Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens morrereis e caireis como qualquer dos príncipes.

Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois te pertencem todas as nações!

As nações congregam-se contra Israel, e o salmista suplica a Deus que o livre

Cântico e salmo de Asafe

83 Ó Deus, não estejas em silêncio! Não cerres os ouvidos nem fiques impassível, ó Deus! Porque eis que teus inimigos se alvoroçam, e os que te aborrecem levantaram a cabeça. Astutamente formam conselho contra o teu povo e conspiram contra os teus protegidos. Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel. Porque à uma se conluiaram; aliaram-se contra ti: As tendas de Edom, dos ismaelitas, de Moabe, dos agarenos, de Gebal, de Amom, de Amaleque e a Filístia com os moradores de Tiro. Também a Assíria se ligou a eles; foram eles o braço dos filhos de Ló. (Selá)

Faze-lhes como fizeste a Midiã, como a Sísera, como a Jabim na ribeira de Quisom, 10 os quais foram destruídos em En-Dor; vieram a servir de estrume para a terra. 11 Faze aos seus nobres como a Orebe, e como a Zeebe; e a todos os seus príncipes como a Zeba e como a Zalmuna, 12 que disseram: Tomemos para nós, em possessão hereditária, as famosas habitações de Deus.

13 Deus meu, faze-os como que impelidos por um tufão, como a palha diante do vento. 14 Como o fogo que queima um bosque, e como a chama que incendeia as brenhas, 15 assim persegue-os com a tua tempestade e assombra-os com o teu torvelinho. 16 Encham-se de vergonha as suas faces, para que busquem o teu nome, Senhor. 17 Confundam-se e assombrem-se perpetuamente; envergonhem-se e pereçam. 18 Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome de Jeová, és o Altíssimo sobre toda a terra.

A felicidade daquele que habita no santuário de Deus

Para o cantor-mor, sobre Gitite. Salmo para os filhos de Corá

84 Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si e para a sua prole, junto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.

Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá) Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados, o qual, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques. Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.

Senhor, Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó! (Selá) Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido. 10 Porque vale mais um dia nos teus átrios do que, em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu Deus, a habitar nas tendas da impiedade. 11 Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.

12 Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.

Fundando-se nos livramentos passados, o povo de Deus pede o livramento das aflições presentes

Salmo para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

85 Abençoaste, Senhor, a tua terra; fizeste regressar os cativos de Jacó. Perdoaste a iniquidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados. (Selá) Fizeste cessar toda a tua indignação; desviaste-te do ardor da tua ira.

Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação, e retira de sobre nós a tua ira. Estarás para sempre irado contra nós? Estenderás a tua ira a todas as gerações? Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti? Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. Escutarei o que Deus, o Senhor, disser; porque falará de paz ao seu povo e aos seus santos, contanto que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite em nossa terra. 10 A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. 11 A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus. 12 Também o Senhor dará o bem, e a nossa terra dará o seu fruto. 13 A justiça irá adiante dele, e ele nos fará andar no caminho aberto pelos seus passos.

Davi implora ardentemente o socorro de Deus

Oração de Davi

86 Inclina, Senhor, os teus ouvidos e ouve-me, porque estou necessitado e aflito. Guarda a minha alma, pois sou santo; ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia. Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma. Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam. Dá ouvidos, Senhor, à minha oração e atende à voz das minhas súplicas. No dia da minha angústia, clamarei a ti, porquanto me respondes.

Entre os deuses não semelhante a ti, Senhor, nem obras como as tuas. Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. 10 Porque tu és grande e operas maravilhas; só tu és Deus. 11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome. 12 Louvar-te-ei, Senhor, Deus meu, com todo o meu coração e glorificarei o teu nome para sempre. 13 Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do mais profundo da sepultura.

14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembleias dos tiranos procuraram a minha morte; e não te puseram perante os seus olhos. 15 Mas tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, e sofredor, e grande em benignidade e em verdade. 16 Volta-te para mim e tem misericórdia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo e salva ao filho da tua serva. 17 Mostra-me um sinal para bem, para que o vejam aqueles que me aborrecem e se confundam, quando tu, Senhor, me ajudares e consolares.

Deus tem o maior prazer em Sião

Salmo e canto para os filhos de Corá

87 O seu fundamento está nos montes santos. O Senhor ama as portas de Sião mais do que todas as habitações de Jacó. Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Selá)

Dentre os que me conhecem, farei menção de Raabe e de Babilônia; eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este é nascido ali. E de Sião se dirá: Este e aquele nasceram ali; e o mesmo Altíssimo a estabelecerá. O Senhor, ao fazer descrição dos povos, dirá: Este é nascido ali. (Selá)

E os cantores e tocadores de instrumentos entoarão: Todas as minhas fontes estão em ti.

O salmista queixa-se das suas grandes desgraças e suplica a Deus que o livre

Cântico e salmo para os filhos de Corá e para o cantor-mor, sobre Maalate Leanote. Instrução de Hemã, ezraíta

88 Senhor, Deus da minha salvação, diante de ti tenho clamado de dia e de noite. Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor.

Porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima da sepultura. Já estou contado com os que descem à cova; estou como um homem sem forças, posto entre os mortos; como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais; antes, os exclui a tua mão. Puseste-me no mais profundo do abismo, em trevas e nas profundezas. Sobre mim pesa a tua cólera; tu me abateste com todas as tuas ondas. (Selá) Alongaste de mim os meus conhecidos e fizeste-me em extremo abominável para eles; estou fechado e não posso sair. A minha vista desmaia por causa da aflição. Senhor, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos. 10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? (Selá) 11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição? 12 Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?

13 Eu, porém, Senhor, clamo a ti, e de madrugada te envio a minha oração. 14 Senhor, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face? 15 Estou aflito e prestes a morrer, desde a minha mocidade; quando sofro os teus terrores, fico perturbado. 16 A tua ardente indignação sobre mim vai passando; os teus terrores fazem-me perecer. 17 Como águas me rodeiam todo o dia; cercam-me todos juntos. 18 Afastaste para longe de mim amigos e companheiros; os meus íntimos amigos agora são trevas.

Traz-se à memória o pacto de Deus com Davi, a fim de que Deus livre o seu povo dos males presentes

Masquil de Etã, o ezraíta

89 As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração. Pois disse eu: a tua benignidade será edificada para sempre; tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus, dizendo: Fiz um concerto com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi: a tua descendência estabelecerei para sempre e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá)

E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, e a tua fidelidade também na assembleia dos santos. Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos dos poderosos? Deus deve ser em extremo tremendo na assembleia dos santos e grandemente reverenciado por todos os que o cercam.

Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é forte como tu, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?! Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar. 10 Tu quebrantaste a Raabe como se fora ferida de morte; espalhaste os teus inimigos com o teu braço poderoso. 11 Teus são os céus e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste. 12 O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom regozijam-se em teu nome. 13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e elevada, a tua destra. 14 Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade vão adiante do teu rosto. 15 Bem-aventurado o povo que conhece o som festivo; andará, ó Senhor, na luz da tua face. 16 Em teu nome se alegrará todo o dia e na tua justiça se exaltará. 17 Pois tu és a glória da sua força; e pelo teu favor será exaltado o nosso poder. 18 Porque o Senhor é a nossa defesa, e o Santo de Israel, o nosso Rei. 19 Então, em visão falaste do teu santo e disseste: Socorri um que é esforçado; exaltei a um eleito do povo. 20 Achei a Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi; 21 com ele, a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá. 22 O inimigo não o importunará, nem o filho da perversidade o afligirá. 23 E eu derribarei os seus inimigos perante a sua face e ferirei os que o aborrecem. 24 E a minha fidelidade e a minha benignidade estarão com ele; e em meu nome será exaltado o seu poder. 25 E porei a sua mão no mar e a sua direita, nos rios. 26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação. 27 Também por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra. 28 A minha benignidade lhe guardarei para sempre, e o meu concerto lhe será firme. 29 E conservarei para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. 30 Se os seus filhos deixarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, 31 se profanarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, 32 então, visitarei com vara a sua transgressão, e a sua iniquidade, com açoites. 33 Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade. 34 Não quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus lábios. 35 Uma vez jurei por minha santidade (não mentirei a Davi). 36 A sua descendência durará para sempre, e o seu trono será como o sol perante mim; 37 será estabelecido para sempre como a lua; e a testemunha no céu é fiel. (Selá)

38 Mas tu rejeitaste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu ungido. 39 Abominaste o concerto do teu servo; profanaste a sua coroa, lançando-a por terra. 40 Derribaste todos os seus muros; arruinaste as suas fortificações. 41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; tornou-se ele o opróbrio dos seus vizinhos. 42 Exaltaste a destra dos seus adversários; fizeste com que todos os seus inimigos se regozijassem. 43 Também embotaste o fio da sua espada e não o sustentaste na peleja. 44 Fizeste cessar o seu esplendor e deitaste por terra o seu trono. 45 Abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha. (Selá)

46 Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo? 47 Lembra-te de quão breves são os meus dias; por que criarias debalde todos os filhos dos homens? 48 Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma do poder do mundo invisível? (Selá) 49 Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades, que juraste a Davi pela tua verdade? 50 Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos; e de como trago no meu peito o escárnio de todos os povos poderosos, 51 com o qual, Senhor, os teus inimigos têm difamado, com o qual têm difamado as pisadas do teu ungido.

52 Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!